
Varejo está otimista com 2013
Crédito e aumento da renda são as esperanças para o crescimento do consumo no ano que vem
O Brasil não apresentou em 2012 o crescimento que era esperado por analistas e pelo governo no início do ano. Mesmo assim, o varejo conseguiu ter um período positivo. Até o início de dezembro, o aumento do volume de vendas foi de 8,9% em comparação com o ano anterior. “Foi extremamente positivo, considerando as circunstâncias no cenário”, afirmou Altamiro Lopes, economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
As preocupações vinham, principalmente, de fora. A situação complicada da Europa e o passo lento da recuperação americana colocavam em observação o desempenho do setor no ano. Os temores se confirmaram e o PIB brasileiro sentiu o baque e cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre do ano. O varejo, contudo, conseguiu se apoiar em quatro pontos: a redução das taxas de juros, a grande elevação do salário mínimo, estímulos governamentais, a manutenção dos índices de desemprego e aumento da massa salarial.
A situação do crédito, contudo, foi alvo de preocupação para o setor. Segundo a Fecomercio, existe uma dificuldade em se obter crédito no País, e o início da queda da taxa de juros foi tardia. O sistema financeiro não repassou imediatamente a diminuição na taxa Selic para suas taxas reais, aumentando o spread. Foi necessária uma ação do governo, via bancos estatais, para forçar o mercado a se adaptar à nova realidade, processo que atingiu efetividade só no fim do segundo trimestre. Outro ponto que desagradou foi o aumento do preço de itens da cesta básica, como o arroz e o feijão.
No ano, segundo o IBGE, o varejo apresentou média trimestral de crescimento de 0,4%. O mês de outubro teve o melhor desempenho, com alta de 9,1% ante 2011. Os equipamentos de informática e os eletrodomésticos foram os itens que apresentaram maior aumento de vendas, com, respectivamente, 13,8% e 13,1%. Com a redução do IPI, os veículos tiveram crescimento de 7,7% na comercialização. Produtos alimentícios, 8,7%.
No volume de vendas, todas as 27 unidades da Federação tiveram variações positivas. Em outubro, os destaques foram Roraima, Maranhão e Acre.
Uma forcinha do Papai Noel
O Natal deve vir com números expressivos em 2012, o que vai ajudar no faturamento do período. “Temos uma previsão bastante otimista. Como a massa de renda real cresceu, o décimo terceiro salário será maior. Essa injeção de recursos é o que determina a variação do consumo nesta época”, disse o economista da Fecomercio. A instituição espera um crescimento de 5% ante os números registrados em 2011.
2013 otimista
O setor acredita que não haverá mudança radical no atual cenário. Os temores ficam por conta dos estímulos e auxílios governamentais, que devem ser menores no próximo ano. As taxas de desemprego não devem ter grande alteração, já que estão em um patamar considerado baixo.
No geral, o setor está confiante em 2013 em virtude de uma alta esperada na confiança do consumidor. “Continuaremos com um nível de renda e emprego satisfatórios”, disse Lopes. “E contamos que o governo use de bom senso para ajudar nos juros para pessoa física”, completou, salientando que ainda há espaço para a melhora na qualidade e montante disponível para crédito no País.
Fonte: Istoé Dinheiro